quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Bálsamos Urbanos

A idéia que temos das grandes cidades brasileiras é de conglomerados caóticos, sujos, violentos, onde o trânsito é um pandemônio, onde crimes e assaltos se sucedem, onde epidemias eclodem, onde as ruas estão cheias de buracos, onde prédios, pichados de cima a baixo, deterioram inexoravelmente, onde as pessoas são nervosas e irascíveis.
Verdade.
Mas também é verdade que as cidades não nasceram para serem redutos de problemas, e sim para aproximar pessoas. Seres humanos gostam de conviver, precisam de convivência e, mesmo nas megalópoles, encontramos aqui ou ali, lugares que dão testemunho desta vocação. Surpreendentes cenários que de repente tornam-nos mais otimistas e afetivos. Andei pensando a respeito e conseguir fechar uma lista com dez desses lugares
Pois bem; aqui vão três dos dez cenários urbanos que, ao menos pra mim, podem atuar como bálsamos nas nossas vidas.

O primeiro deles e também o mais democrático: o mercado público.
Quase todas as cidades têm, e alguns deles, como o de Porto Alegre, Salvador, são lugares históricos. Mas poucas pessoas vão ali por conta da história; o mercado é um símbolo de abundância, e freqüentemente, um bom reduto gastronômico. Claro, ninguém espera encontrar ali “haute cuisine”, mas se é pra se comer abundantemente, aquele é o lugar.
E também é o lugar para comprar artesanato local, objetos típicos, etc.

O segundo cenário: a pracinha.
De alguma maneira, as cidades conseguem preservar, em alguns lugares, pequenas praças, às vezes muito antigas. Essas praças, caracterizadas por jardins modestos, mas com gramados, flores e também algumas copadas árvores.
Um busto em bronze de alguma figura do passado, freqüentemente esquecida, às vezes confirmando um dito de Mário Quintana segundo o qual: “Um engano em bronze é um engano eterno.”

O terceiro cenário é o colégio.
Pode ser a pequena escola de nosso bairro, o lugar onde fomos alfabetizados, onde descobrimos a leitura.
Por essa escola, passamos às vezes, e lá estão as crianças no pátio, correndo e brincando. Por um momento, nos detemos; por um momento, voltamos no tempo.
E depois, sorrindo nostalgicamente, prosseguimos certos de que a vida tem sentido. Talvez não saibamos bem que sentido é esse.
Mas reconhecemos, com certa emoção, o cenário onde ele nasceu.


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1 comentários:

Unknown disse...

É bem verdade... A beleza, entendendo por ela consequencia da inventividade, da criação...a beleza nasce do Espanto !