segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Pura Bobagem?

Sabe aquelas perguntas bobas do dia-a-dia, que às vezes você faz e não sabe como responder?
Pois é: elas têm respostas – e, algumas, são ridiculamente simples.
Se você pensa que sabe tudo, responda depressa às seguintes:

1. Por que aqueles cortes superficiais, provocados por uma folha de papel, parecem mais dolorosos do que outros mais profundos?
2. Pra que serve o dente siso?
3. Por que os mais velhos usam calças altas na cintura, acima do umbigo?
4. Por que o pêlo não cresce no lugar da vacina?
5. Por que algumas galinhas põem ovos brancos e outras, ovos marrons?
6. Por que capas de chuva têm de ser lavadas a seco?

Essas e muitas outras perguntas aparentemente bobas têm respostas. Mas não é o tipo de pergunta que a gente se faça com muita freqüência.
Bem, existe um sujeito nos Estados Unidos, chamado David Feldman, cuja especialidade é responder a esse tipo de coisa. Uma vez por ano, sai um livro dele com as perguntas mais escalafobéticas e suas respectivas respostas. Feldman chama essas perguntas de imponderáveis e, antes de respondê-las, vai às fontes, consulta peritos, finge que não ouve se alguém dá uma risota quando ele faz a pergunta e não se dá por satisfeito enquanto não resolve o mistério. As respostas são muito mais simples do que se pensa.
Entre os livros que ele já publicou (todos inéditos no Brasil), estão “Why do clocks run clockwise?” (Por que os relógios andam no sentido horário?) e “When do fish sleep?” (“Quando os peixes dormem?”). Eis ai mais duas momentosas questões que, se lhe fossem perguntadas, você sem dúvida embatucaria pra responder. O sucesso de Feldman (seus livros vendem aos milhares) é a prova de que, na verdade, não existem perguntas bobas.
Se fossem, eu ou você saberíamos responder.
Ok, então, por que o corte num dedo, provocado por uma folha de papel, consegue ser tão penoso? Porque os terminais nervosos estão localizados perto da superfície da pele, e as mãos, onde ocorre a maior parte desses cortes, são uma das regiões do corpo mais infestadas de terminais nervosos. Foi o que disseram os especialistas em cortes, provocados por folhas de papel, consultados por Feldman.
E para que serve o dente siso? “Pra doer!” – respondem os espíritos-de-porco. Ou para enriquecer os dentistas encarregados de extraí-lo, diriam outros. A grande verdade é que nenhum dos quatros sisos serve atualmente pra nada – mas já serviram.
Houve um tempo (ponha aí alguns milhões de anos) em que a carne consumida pelo homem era mais dura que a de certas churrascarias da sua, da minha cidade. Mas esse homem primitivo, com suas mandíbulas equipadas de valentes sisos, era capaz de transformá-la em patê, depois de algumas horas de mastigação. Pensando bem, os sisos têm a sua serventia ainda hoje.
Ah, sim, aquela história de os mais velhos usarem calças acima do umbigo. E não estou me referindo a uma calça ajustada à altura do umbigo, mas aquela que o cidadão usa quase debaixo do braço – sim, ainda existe gente assim! Os estudiosos do assunto ofereceram várias explicações a Feldman, algumas perfeitamente idiotas. Uma dessas é a de que, com a idade, as pessoas tendem a perder a altura – donde uma calça que se equilibrava normalmente nos quadris até algum tempo, começará a se arrastar pelo chão. A falha dessa teoria é a de que, quando os mais velhos compram calças novas, afivelam seus cintos do mesmo jeito: um palmo acima do umbigo. Outra teoria diz que os mais velhos usam as calças desse jeito para esconder a barriga. Mas não explica porque os jovens com as mesmas necessidades de esconder a barriga usam suas calças nos quadris. A resposta está na seguinte explicação: todas as calças fabricadas antes da conversão da humanidade aos jeans, em meados dos anos 60, eram feitas com a chamada “cintura alta”. Os remanescentes daquela época (os homens hoje com idade entre 60 – 70) acostumaram-se aquilo e mesmo com as calças novas, não se sentem bem equilibrando as calças nos quadris, como (ainda bem!) se tornou moda.
E quer saber por que não nasce pêlo na marca da vacina? Porque a marca da vacina é uma cicatriz como qualquer outra, provocada por uma inflamação que destrói os folículos capilares. Se você se preocupa que sua marca de vacina é careca, saiba que é possível fazer um implante de cabelo nela – mas só faça isto se não tiver um projeto mais urgente ou mais importante pra fazer. Quanto àquela história dos ovos brancos ou marrons (a resposta é tão simples que é uma vergonha repeti-la, mas...): depende da raça da galinha. As leghorns (legornes, como as chamamos aqui) põem ovos brancos e como são quase universalmente preferidas por tornarem-se adultas mais cedo, a maioria dos ovos consumidos no mundo é de cor branca. Os outros tipos de galinhas põem ovos em vários tons de marrons. Se você quiser saber se uma galinha porá ovos desta ou daquela cor, basta examinar a pele que cerca seus ouvidos. (os ouvidos da galinha, não os seus)
Se for branca, os ovos serão brancos, se for vermelha, você terá lindos ovos marrons ou quase. Quanto ao valor nutritivo de uns e de outros, não tenha ilusões: é extremamente igual. O colesterol também.
E por que a maioria das capas de chuva vem com aquela etiqueta recomendando que elas sejam lavadas a seco, se sua função é justamente a de tomar chuva e não ficar molhada? Exatamente por isto: para que os produtos que impedem a capa de ficar ensopada quando você sai cantando na chuva não sejam destruídos pelos detergentes que se usam na lavagem de roupa. Só tem uma coisa: os solventes usados na lavagem a seco também atacam o repelente de água presente na capa de chuva.
Donde, a lavagem com água acaba se tornando menos perigosa para o destino de sua capa, se você enxaguá-la até tirar o último vestígio de detergente. E, afinal, que diabo! A capa que sai a chuva é pra se molhar!
Enfim, essas são algumas das perguntas que o David Feldman responde sem seus livros.
No fim, tudo isso será realmente pura asneira?
Bem, eu acho muito mais importante do que saber, por exemplo, com quem e realmente quando a (santa) Sandy iniciou sua vida sexual.


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