quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Insubstituível Esquecido x Substituível Memorável

Estive pensando muito por esse dias e isso nem sempre é bom. Tenho a discreta mania de fazer comparações e analisar coisas que não fazem diferença na vida de muitas pessoas.Me fiz uma pergunta. Será que sou insubstituível pra alguém? Mas é claro! Que pergunta idiota! Nem parece que existe mãe ou amigos. Foi aí que eu percebi o engano.
Quando você morre, sempre choram a sua falta e dizem que ninguém JAMAIS ocupará seu lugar. Não posso dizer que sempre, mas geralmente essa promessa não se cumpre. Homens e mulheres arranjam outros cônjuges e tentam ser felizes novamente. Filhos tem filhos e substituem os pais. Amigos arranjam outros amigos e dedicam a sua atenção a eles. Ou seja: Todos nós somos substituídos.
Não que eu realmente me importe com a substituição (desde que seja equivalente, claro - nunca inferior), mas dentro disso há uma outra questão: É melhor ser um insubstituível esquecido ou ser um substituível memorável? Pessoas que não são substituídas acabam ficando longe aos poucos. Tão longe, que nem parece que existiram. São lembrados como se fizesse muito, muito tempo. Já os que ganham substitutos, são lembrados de forma mais jovial, mais presente, como se nunca tivesse deixado de estar ali.
Pensando melhor, eu acabei relembrando o significado de substituição. É trocar, tirar de campo. Logo, o conceito que eu dei acima teria de ser tecnicamente invertido. Confesso a confusão e também exponho outra coisa que se passou na minha cabeça: existem pessoas insubstituíveis? Primeiramente pensei que não. Afirmei que não e tive a plena certeza que não. Só que depois, fiquei em dúvida e repensei tudo de novo e terminei descobrindo o que pôde pôr um ponto final na minha divagação. Sim. Pessoas são insubstituíveis, exatamente pela sua essência que pode marcar outras pessoas. O que é substituível é o afeto. Quando a vó perde o vô, transfere seu afeto pros netos. Quando a mamãe perde o papai, ela transfere o afeto pro seu namorado novo e assim por diante.
Chegando a essa conclusão, eu cheguei a outra conclusão ainda. A cada vez que se transfere o afeto, renova-se a capacidade de amar.

.

É com orgulho, mas com muito orgulho, que eu repasso essa crônica aqui. A autoria desse texto é de Renata Percílio, que junto com Ravi Santos, fazem do blog “o lugar onde vivo” (http://olugarondevivo.blogspot.com/) o lugar onde eu sinto o real prazer em viver. As poesias de Ravi, junto com os pensamentos reflexivos – e por que não explicativos?- de Renata, dispensam comentários por simplesmente, falarem por si só. Ou (sem nenhum exagero) por juntos completarem de forma tão única coisas que eu particularmente acho essenciais a vida. E Renata... Obrigado por me deixar roubar – com assumida inveja – o tipo de texto que eu sonho um dia escrever. O homenageado aqui sou eu. Obrigado.

.


______________________________