sexta-feira, 5 de setembro de 2008

O "Z" do Zero

Bem, foram esses os primeiros zeros que me vieram à memória: O “Marco Zero” (de Oswald de Andrade); O “Fome Zero” (Do... Bem, não quero escrever esse nome aqui); O “Ground Zero” (a cratera onde ficavam as torres gêmeas do World Trade Center); Os contos de “Ti com Zero” (do Italo Calvino); O jornal gaúcho “Zero Hora” (no qual puder ler alguns exemplares)... Não necessariamente nessa ordem, mas sim os que talvez traduzam o zero e o infinito.
Assim como tivemos que esperar um milênio para termos três noves no calendário, só há oitos anos usufruímos da oportunidade de escrever três zeros nas datas e nos talões de cheque.
Porque só há oito anos e não há 1008 anos? - Ah, Peguei-te cavaquinho!
Ainda não havia talões de cheque neste planeta no ano de 1000 (Dan!). E mesmo que bancos já existissem, seus talões seriam datados em algarismos romanos. Isto é, sem zeros. Há 1008 anos, mil era apenas M.
Eu adoro está vivo (ainda escrevendo e com algum dinheiro em minha conta bancária) para desfrutar do raro deleite de virar um milênio e passar um ano inteiro escrevendo três zeros.
Agora, só daqui a 992 anos, quando eu, você, nenhum de nós estará vivo para tripudiar dos que tombaram no meio do caminho.
Enganam-se aqueles que pensam que o zero é o meu número favorito, muito menos o meu número da sorte. Não nego minha simpatia pelo sete, de resto, inteiramente gratuita, pois nem com ele levo sorte no jogo, qualquer jogo... E a sorte no amor... (Hã?)
Enfim, o zero inspira-me respeito e reverência, até por ser o mais estranho e malvisto número do universo, o último algarismo inventado pelo homem, sinônimo e símbolo do vazio, do nada, do nulo, fonte de grandes paradoxos do pensamento humano, pivô de toda aquela controvérsia em torno da chegada do atual milênio (a chegada do anterior não foi muito diferente, com bugs de outra espécie).
Existem muitas contestações em relação à criação do zero. De fato, seu reconhecimento foi muito tardio. Pelo menos dois matemáticos americanos, um de Havard e outro de Yale; cumpriram sua parte nas homenagens ao ano 2000, escrevendo dois livros sobre o zero: “A Natural History of Zero”, Robert Kaplan e “Zero: The Biography of a Number”, de Charles Seife.
Há pouco tive a oportunidade de ler o do Kaplan e me tomou a atenção um tópico em que ele, entre viagens, matemática, filosofia, poesia, história, lingüística e até mesmo astronomia, fala: “Não é possível entender o mundo sem entender a morte e o zero”
(...)

Passei a entender um pouco melhor o mundo depois de ler “A Natural History of Zero”. Falta agora entender a morte... Por fim, vale dizer que já dei conta do zero, mas não do infinito.


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