Eu, no centro, no meio, no ponto exato, em equilíbrio.
Por que custa tanto alcançar esse lugar? Por que passar por tantos testes, por que se permitir tais testes? Ora, quando temos em mente que é esse o lugar onde queremos estar, não poderíamos simplesmente chegar lá sem precisar passar por testes? Sem precisar pôr conhecimentos na mesa e retirar sofrimentos da bagagem, sem fazer auto-avaliações, sem se prender a projeções?
Sou acostumado aos extremos, aos 8 ou 80, ao “tá tudo ótimo!” – “tá tudo péssimo!”
Ando entre os extremos, sempre andei. Cansei.
Hoje eu procuro as características comuns entre os extremos para me manter sob distância máxima. Recorro à bagagem bagunçada das minhas experiências extremistas pra chegar a um lugar de conforto do qual eu possa chamar de meu. Um lugar do qual eu possa sentir a segurança tão almejada pra poder falar, sem medo de me arrepender, um sim ou um não. Sair do talvez, sair do “quem sabe”, sair do “vamos ver”, “vamos tentar”. E é na certeza da ausência dessa segurança que sinto o quão necessário se faz o estudo do fruto obtido através das experiências vividas, do conhecimento adquirido, a degustação proveitosa do sabor que só você vai conseguir definir. É seu! É colheita da sua plantação! Use-a para fazer bem a você.
Censurar a vida em excessos não é o que eu quero fazer, afinal, eu precisei passar pelos excessos pra saber que neles eu não me enquadro. Precisei gastar demais, projetar demais, amar demais e odiar demais pra saber que eu não preciso do “demais”.
Uma vida vivida intensamente tem lá suas coisas boas, contudo, te priva da segurança – seja essa qual for: a financeira, a afetiva, etc.
Falo aqui da segurança que nós somos incentivados a buscar desde que tomamos conhecimento de que viver custa caro, meus caros. O passo em falso hoje, resulta na queda em um buraco do qual você (sem boa preparação) jamais vai conseguir sair sozinho. A mesma segurança que se faz necessária no uso do bom discernimento a situações das qual você jamais imaginaria passar.
Por esses dias tenho me assemelhado a um balão prestes a alçar vôo. À medida que você vai enchendo o balão, se o mesmo não estiver bem preso e munido das coordenadas corretas de pouso, a tendência é que alce o tão desejado vôo de maneira impulsiva; sem se preocupar onde, quando e como irá pousar.
Nesse caso, o que faz com que o balão voe apenas no momento exato?
Os pinos que predem-no ao chão. Esses pinos representam hoje em dia as minhas ambições, a minha família, os meus amigos, os meus planos de vida e principalmente: as minhas experiências extremistas que, quando juntos, me auxiliam e me guiam ao caminho certo.
Tudo isso soa mais um texto auto-ajuda dentre milhares de outros existentes por aí.
Tudo isso na verdade não passa de um desabafo da minha consciência que – de maneira segura me afirma que aqui, eu to apenas de passagem, e cabe a mim - único e exclusivamente - dá um bom sentido a essa estadia. Amado as pessoas certas, projetando as coisas certas, discernindo sobre o que de fato é certo. No meu filme predileto, em um determinado momento, um dos personagens principais solta: “- Quanto mais você sabe quem você é e o que você quer, menos deixa que as coisas o perturbem.”
Eu sempre termino dizendo: “- É bem por aí, dona Sofia Coppola. É bem isso aí.”